Celebridades que lançam linhas de moda nem sempre transformam a sua fama num sucesso na passerelle, mas vários nomes conhecidos, como Victoria Beckham, Gwen Stefani e as gémeas Mary-Kate e Ashley Olsen, estão a ganhar prestígio no exigente mundo da moda.
Todas estas “estrelas” mostraram as suas novas coleções na mais recente Mercedes-Benz Fashion Week em Nova Iorque e embora nenhuma seja tão respeitada como os grandes designers americanos, todas têm atualmente fãs leais, graças a uma segmentação de nicho, cuidado nos cortes e coleções exibidas longe do brilho das principais passerelles.
As celebridades que tentaram entrar na moda muitas vezes foram criticadas ou rapidamente encerraram as suas linhas. Jennifer Lopez e Lindsay Lohan tiveram dificuldades e a recente estreia da linha de vestuário de Kanye West em Paris foi satirizada por alguns.
No mundo da moda, muitas vezes espinhoso e elitista, as estrelas do cinema, da música e da televisão que procuram juntar-se ao clube são julgadas, muitas vezes, por critérios mais severos do que os designers pouco conhecidos ou emergentes, segundo especialistas como Tracy Taylor, editora nos EUA da revista de moda on-line Net-A-Porter. «É mais difícil para uma celebridade lançar uma linha de vestuário. Honestamente, os olhos e ouvidos do mundo estão pousados neles», refere Taylor, acrescentando que não são só os clientes mas «os olhos deste grupo exclusivo que é quase inatingível para as celebridades».
Ser uma estrela de Hollywood pressupõe estilo e imagem, por isso, naturalmente, muitas celebridades vagueiam pelo mundo da moda. «Não há nada mais cool atualmente do que ser designer. Ser uma celebridade é ótimo, mas penso que muitos que se consideram bem vestidos e que se empenham têm elevada consideração pelos designers», acredita Taylor.
Mas só a fama não traz sucesso. Com efeito, os elementos cruciais para as celebridades ganharem fãs na moda são muitas vezes os mesmos dos designers sem fama ou nome: originalidade, design irrepreensível e conhecer o seu público.
Rachel Zoe, que ganhou fama como stylist de celebridades antes de se tornar numa estrela de televisão com o reality show “The Rachel Zoe Project”, tem uma linha de vestuário que desfilou durante a Semana de Moda de Nova Iorque. «Foi a coisa mais assustadora que fiz em muito tempo, excetuando o parto do meu filho». Desenhar uma coleção tem mais riscos do que ser stylist ou crítico. «Sempre estive na audiência», afirma Zoe. «Mostrar a minha coleção para toda a gente ver – os meus pares, mentores e, claro, compradores, consumidores, editores, fotógrafos – é assustador».
Outras estrelas de televisão tiveram dificuldades em construir uma carreira. O vencedor do “Project Runway” Jay McCarroll diz muitas vezes que é difícil converter o sucesso na televisão em respeito entre os fashionistas.
Mas há casos de sucesso. Jessica Simpson e a irmã Ashlee criaram uma bem sucedida linha de vestuário, direcionada para pré-adolescentes, com idades entre os 7 e os 12 anos. Jessica tem outra coleção de vestuário, calçado, carteiras, joalharia e outros acessórios para senhora e planeia lançar uma linha de vestuário para grávidas e outra para bebés. «Criou um negócio de muitos milhões de dólares, o que é realmente impressionante. Não consigo lembrar-me de nenhum designer que esteja no negócio há tão pouco tempo como ela e com o mesmo nível de sucesso», sublinha o editor de moda da Women’s Wear Daily, Marc Karimzadeh.
A ex-Spice Girl Victoria Beckham transferiu o seu estilo pessoal para as coleções, que exibem vestidos que realçam o corpo em cores fortes e tecidos de luxo, como seda e lã, desenhados para favorecerem as curvas das mulheres. Conseguiu encontrar um nicho de mercado com seguidores de culto em ambos os lados do Atlântico, afirma Taylor. «Ela não era apenas uma Spice Girl para nós. Pudemos ver muito cedo que tinha uma incrível estética e sensibilidade no design. Acho que o que realmente colocou Victoria Beckham no mapa foi esta incrível silhueta de um vestido», resume Taylor.
A marca street-chic de Gwen Stefani, L.A.M.B., chamou à atenção em várias estações em Nova Iorque e as gémeas Olsen tornaram-se conhecidas pelo seu estilo “boho-chic”. A marca das gémeas, The Row, é uma homenagem à conhecida rua de londrina Savile Row, conhecida pelas suas lojas de alfaiates de topo. «Os detalhes são soberbos. É possível encontrar casas de botões completamente funcionais, que só se conseguem encontrar nos fatos de homem. Há uns ombros fantásticos – o corte é incrível», considera Taylor.
Ao fazerem uma abordagem mais discreta com o seu lançamento inicial há vários anos – tal como fizeram Justin Timberlake, Madonna e Kate Moss –, as Olsen escaparam ao ataque dos principais críticos, centrados nos grandes designers e passerelles. Isso deu tempo às Olsen para construírem uma base de fãs. «Elas querem afastar-se e deixar que as roupas falem por si e acho que tem sido mais “devagar e firme ganha a corrida”», conclui Taylor.
Fonte: Reuters
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