2 de nov. de 2011

TRANSFUSÃO DE MODA EM LISBOA

urante quatro dias, Lisboa foi o grande palco da moda nacional. Sob o mote Transfusion, 26 criadores e marcas mostraram, entre o Pátio da Galé e os Paços do Conselho, as novas colecções para a Primavera-Verão do próximo ano, num evento que já se tornou uma referência para a capital portuguesa.
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Transfusão de moda em Lisboa
«Transfusion é fusão e transferência, visão e transnacionalidade. A moda apresenta-se como ideologia, expressão e imagem. Ficar de fora é fechar os olhos, ignorar os sentidos ou viver a vida em sentido contrário». Foi com este “mantra” que a organização anunciou o evento de moda da capital e, entre 6 e 9 de Outubro, ninguém quis ficar de fora dos desfiles de alguns dos maiores criadores e marcas, nacionais e internacionais.
No primeiro dia, Os Burgueses estiveram em destaque. A dupla Eleutério e Mia abriu o calendário de desfiles com uma colecção inspirada «no encontro entre os filmes clássicos e a ficção científica, quando Eliza Doolittle (de My Fair Lady) entra em conversa com Mr. Spock». Malhas, sarjas, cambraias e pequenos apontamentos em pele estiveram em destaque.
Alexandra Moura, por seu lado, apresentou “O Princípio da Incerteza”, uma colecção marcada por linhas rectas que se ”descolam” do corpo, com os volumes e o contraste de comprimentos curto/comprido a marcar as peças. Já Pedro Pedro apostou no contraste entre cortes depurados e minimalistas e tecidos profusamente ornamentados, numa colecção onde predominaram as silhuetas soltas e os looks casuais, numa colecção inspirada pelo sportswear clássico dos anos 50 e pela heráldica equestre.
A dupla Alves/Gonçalves fechou o primeiro dia, após o desfile da colecção de Maria Gambina, onde jogos de falsos plissados em materiais inesperados e a sobreposição de camadas estiveram em destaque na colecção feminina e as propostas de homem sublinharam uma atitude descontraída.
A comunidade cigana inspirou a colecção andrógina de V!tor, que abriu o segundo dia de ModaLisboa. «Não sou cigano, mas às vezes sinto-me cigano. Isso é parte de mim», explicou o criador sobre a colecção com silhuetas em forma de V, passíveis de vestir tanto homens como mulheres.
Ricardo Preto desvendou, por seu lado, uma nova silhueta, «geometrizada por trapézios e por cinturas que brincam na geografia do corpo». Com Jerry Hall como ideal feminino, o criador mostrou na passerelle uma mulher altiva e ultra-feminina.
Depois da colecção de Luís Buchinho, inspirada no universo greco-romano mas sob uma perspectiva tropical, e antes de Ana Salazar encerrar o segundo dia de desfiles, foi a vez de uma marca sul-americana encher a passerelle de cor e praia. A Cia. Marítima apostou em looks retro com detalhes em croché, estampados geométricos e padrões de riscas, aos quais juntou os seus estampados icónicos: leopardo e cobra.
A estreia da marca Saymyname, da autoria da designer de moda Catarina Sequeira, Ricardo Andrez, Filipe Faísca, Lidija Kolovrat, Dawid Tomaszewski (também uma estreia), Adidas, White Tent e Nuno Baltazar foram os protagonistas do terceiro dia da ModaLisboa. “Ma Dame”, a colecção de Nuno Baltazar dedicada a «mulheres cosmopolitas e dinâmicas», encerrou a passerelle do dia 8 de Outubro, numa conjugação de peças urbanas e femininas, com silhuetas fluidas e dinâmicas e calças e casacos estruturados a combinarem-se com tops leves e fluidos, com cores fortes como azul, verde, azul-marinho e vermelho a constituírem a paleta de tons para a Primavera-Verão 2012.
No último dia, Daniel Dinis abriu “as hostilidades” com uma colecção inspirada pelo Norte do país. «Tem a ver com memórias da minha infância, quando passava o Verão no norte de Portugal; com a simplicidade que se vive no Verão do campo, das férias à beira-mar. Esta ideia afigura-se num guarda-roupa só pensado para as horas de lazer, que são cada vez mais preciosas e raras», explica o criador.
Marques’ Almeida, Katty Xiomara, Miguel Vieira e Aleksandar Protic foram os nomes que se seguiram na passerelle da ModaLisboa. Partizen foi o tema escolhido por Nuno Gama para a sua nova colecção, onde os blazers e os fatos estiveram em destaque. «O toque, o corte e o conforto elitizam a diferença, contrapondo-se ao vestuário normalmente despretensioso da estação. Os algodões, puros ou em misturas e acabamentos técnicos extremamente sofisticados, renovam o new look Dandy», revela Nuno Gama.
O último dia de ModaLisboa ficou ainda marcado pelas propostas de Ricardo Dourado, marcadas pela vivência de rua, com materiais de toque seco, crepes e algodões, e pela irreverência de Dino Alves, que encerrou o calendário de desfiles. «Porque os tempos mudam e os comportamentos acompanham as novas ordens e sistemas, crio aqui estilos e tendências a que chamo Novo Romântico (formas calculistas, austeras, geométricas, minimais); Novo Chique (menos ostensivo, mais despojado, simplista, dependente de uma atitude); Novo Folk (misturas e excessos); e Novo Sexy (novos jogos de transparências)», indicou o criador. Formas austeras, geométricas e minimais misturaram-se com looks excessivos, jogos de transparências e muita cor: branco, preto, cinza, beringela, rosa, amarelo, azul-bebé, verde água e castanho.

Um verdadeiro sucesso que o município pretende manter na agenda cultural da cidade. «Este é um dos eventos mais importantes da agenda criativa da cidade e é uma parceria com muitos anos entre o município e a Moda Lisboa», explicou António Costa, presidente da Câmara de Lisboa. Em declarações ao jornal Económico, António Costa revelou que apesar dos custos – a ModaLisboa custa ao município 640 mil euros por ano, cerca de 320 mil euros por edição – a parceria está «de boa saúde» e «para durar», até porque a iniciativa «tem tido retorno ao longo dos anos» para o município.
fonte: Portugal Têxtil

  FONTE: DAYLI MODA LISBOA

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