22 de dez. de 2011

UM ÍCONE “FORA” DE MODAS


Azzedine Alaia, que raramente aparece em revistas e cujos parcos desfiles estão apenas reservados a amigos e clientes, marcou presença na abertura da excepcional exposição que lhe é consagrada na Holanda e que traça uma retrospectiva do trabalho deste discreto mas icónico designer de moda na última década.
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Um ícone “fora” de modas
O designer tunisino Azzedine Alaia, cuja enorme legião de admiradoras o poupou da necessidade de desfilar em passerelle, aceitou expor as suas criações dos últimos dez na Holanda, numa mostra excepcional que lhe é consagrada na cidade de Grongingen.
Tornado famoso nos anos 80 com os seus sofisticados vestidos, adorados por fashionistas e celebridades de todos os quadrantes – incluindo Michelle Obama –, Azzedine Alaia é descrito pelos amigos como «livre», um designer raro que assegurou um lugar na galáxia da moda sem desfiles de moda ou aparições em revistas. «Ele não aparece na Vogue americana e não tem qualquer problema com isso», afirmou o dono da galeria de arte de Paris Didier Krzentowski na abertura da exposição “Azzedine Alaia no Século XXI” em Grongingen. «Ele é livre de restrições. É isso que significa o verdadeiro luxo», acrescentou.
O criador tunisino, radicado em Paris, desenha muito pouco, preferindo moldar e cortar as suas próprias roupas, preferencialmente de noite. Para a exposição na Holanda, Alaia fez, sozinho, todas as alterações de forma a assegurar que cada silhueta estava perfeitamente ajustada ao manequim transparente. Na mostra, que estará em exibição até Maio, as suas colecções foram agrupadas pelo tipo de material: veludo, algodão, couro, chiffon, peles …
«Que tipo de lã é esta?» questionou uma mulher perante uma fila de casacos na sala do “pêlo”, todos com cinturas marcadas com cintos em couro elaborados. «De cabra da Mongólia», respondeu Alaia, envergando o fato preto de corte chinês que já se tornou na sua imagem de marca, antes de desaparecer na multidão pelo braço da ex-top model Naomi Campbell. «Conheço-o desde os meus 16 anos», revelou Campbell durante a inauguração, onde usou um conjunto bordeaux assinado por Alaia, tendo ainda afirmado que se sente «abençoada» por ter muitas das suas criações.
As mulheres de Alaia são tudo menos andróginas, com cortes que abraçam a cintura. «Se um designer é alguém que dá uma nova forma ao corpo, então Azzedine é o único hoje em dia que consegue fazer isso», indicou Olivier Saillard, um historiador de moda e admirador da «poesia» e da «incrível destreza técnica» do designer tunisino. Recentemente nomeado como responsável do museu de moda Musée Galliera, em Paris, Saillard espera levar a exposição de Grongingen para a capital francesa. «Nunca conseguimos ver o seu trabalho», referiu, sublinhando que se trata de «um verdadeiro criador que pega na tesoura e corta ele próprio um vestido», mas cujos raros desfiles são reservados unicamente a amigos e clientes.
Para Saillard, os vestidos de Alaia são intemporais, trabalhando elementos de design dos anos 30, 40 e 50. «É uma síntese muito inteligente da alta-costura, sem ser exibicionista. Ele é tão bom no que faz que não precisa de o dizer», sublinhou. O resultado, do seu ponto de vista, é «ao longe, encantador, de perto revela um trabalho manual excepcional. Mas é sempre sensual. Alaia adora as mulheres. As suas roupas são carícias para elas».
As clientes de Alaia não podiam concordar mais. «Não usei nada mais nos últimos 30 anos. A cada estação vejo o que os outros estão a fazer e penso que vou mudar. Mas nunca o faço no final, a não ser quando compro um par de jeans», afirmou Mathilde de Rothschild, uma conhecida personalidade da sociedade francesa. «Vestidas por Alaia, não nos parecemos com mais ninguém. Vê-se a mão dele logo no corte. É elegante, feminino, sexy mas nunca vulgar», concluiu.

Fonte: AFP

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