27 de fev. de 2013

Falta homem em Nova Iorque

Apesar de ser uma das quatro capitais da moda, Nova Iorque não alberga uma passerelle exclusivamente masculina, com as muitas marcas dedicadas ao homem que povoam a cidade a terem de se sujeitar a se ofuscadas pelos grandes desfiles de moda “para elas”


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Falta homem em Nova Iorque
A irrelevância não combina com Nova Iorque. No entanto, é esse o estado da indústria de vestuário de homem: sem uma verdadeira semana de moda, é forçada a contentar-se com entradas indesejadas nos primeiros dias das coleções de senhora, o que significa que as passerelles masculinas são praticamente obscurecidas pelos desfiles de senhora.
Não admira por isso que, embora Nova Iorque seja casa de algumas das maiores marcas de moda de homem do mundo, muitas, como a Calvin Klein Collection, Thom Brown e John Varvatos, escolham desfilar no estrangeiro. Ralph Lauren mostrou a sua nova coleção em Nova Iorque, mas como apresentação, uma semana antes dos desfiles de senhora e, alegadamente, está a planear um desfile dentro do calendário para a próxima estação. Mas em Paris.
Dos nomes que ainda desfilam em Nova Iorque, o maior é Tommy Hilfiger, que foi reinventada pelo novo proprietário, o grupo PVH, como marca lifestyle. Isso torna a coleção da passerelle para o outono-inverno 2013 um exercício de marketing… bem-sucedido. As notas sob a coleção citam o alfaiate inglês dos anos 60 Tommy Nutter enquanto influência, mas na verdade o desfile foi sobre como alinhar com as tendências “amigas dos editores” dos desfiles europeus de moda de homem no mês anterior.
Os fatos foram conjugados com sapatos com sola de ténis e ouve muito xadrez grande Príncipe de Gales, que, em diversas se altura, se assemelharam a uma piada. Os designs foram mais bem-sucedidos quando se mantiveram simples, como com o fato de trespasse Príncipe de Gales. A Tommy Hilfiger contou com o talento criativo de Simon Spurr, um promissor designer britânico sediado em Nova Iorque que abandonou a sua marca própria na última primavera.
Também no calendário estiveram Patrik Ervell e Duckie Brown, que adora os blusões de piloto que foram usados por cima de sobretudos. Muitos foram ver a marca Public School, cujos casacos em pele e calções sobre calças têm uma atitude promissora. Ainda assim, a maior parte das marcas contemporâneas da cidade evitam o calendário oficial sempre que podem, em vez de aparecerem em segundo plano. A Rag & Bone, por exemplo, seguiu o movimento de fuga da Ralph Lauren mostrando as suas variações do casaco de piloto uma semana antes dos desfiles.
A realidade do vestuário de homem em Nova Iorque é que o negócio vem primeiro. «Aconselho sempre todos os estudantes a terem um trabalho quando se formam», refere Simon Collins, reitor de moda na Parsons. «É tão melhor cometer erros com o dinheiro de outros», acrescenta.
Exemplo disso: o criador belga Tim Coppens, que se formou na Royal Academy de Antuérpia em 1998, apenas lançou a sua marca própria em 2011, depois de anos a trabalhar na Ralph Lauren em Nova Iorque. Na semana passada, mostrou ser a melhor esperança da cidade numa nova via de futuro em vestuário de homem, com uma coleção inteligente de tom desportivo. Há muita coisa que faz com que Coppens se destaque, como o tom divertido, com flashes de tons néon dentro dos seus fatos e o evidente processo de criação no design. É também cauteloso, crescendo devagar, apoiado por distribuidores-chave (Barneys em Nova Iorque, Joyce em Hong Kong).
O que faz com que Nova Iorque tenha de enfrentar o seu maior problema. A falta de uma infraestrutura oficial de desfiles para moda de homem tornou-se uma questão tão importante – sobretudo agora que Londres criou a sua semana de moda masculina – que o Council of Fashion Designers of America está a analisar a criação de um espaço próprio, possivelmente neste verão. Mas não é possível criar uma semana de moda de moda do nada e demora anos a desenvolver uma nova marca. Além disso, as identidades masculinas do século XXI – que usam fatos ao estilo Mad Men e os hipsters com tatuagens – sempre existiram sem uma passerelle. É um mistério sem solução imediata. Perceber o problema já é um princípio.
 
Fonte: Financial Times

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