Um dos nomes que mais mulheres faz perder a cabeça por causa dos pés expõe o seu trabalho na capital britânica. Christian Louboutin, em luta com a Yves Saint Laurent pelos direitos sobre a sola vermelha, mostra 20 anos de criações capazes de transformar uma Gata Borralheira numa Cinderela.
Um holograma gigante em 3D de uma bailarina de burlesco dá as boas-vindas aos amantes de calçado à exposição em Londres que marca 20 anos desde que o renomado criador de calçado Christian Louboutin criou a sua primeira loja.
A exposição no Museu do Design da capital britânica apresenta dezenas das criações de Louboutin, muitas delas numa versão de 17 metros com a famosa sola vermelha presente em todos os sapatos do criador francês.
Muitos brilhantes, folhos e penas refletem o fascínio de Louboutin pelas coristas, tal como mostra um enorme holograma de um stiletto com brilhantes que se transforma na imagem da estrela do burlesco Dita von Teese.
«Cresci num ambiente muito feminino», explicou Louboutin na conferência de imprensa da inauguração da exposição, que estará aberta ao público durante 10 semanas. «Tive três irmãs e um pai raramente presente», acrescentou. Como resultado, revelou o criador de 49 anos, cresceu com «o maior amor e o maior respeito pelas mulheres».
Contudo, admite que os seus famosos saltos vertiginosos não foram desenhados tendo o conforto em mente. «Estou preocupado com o conforto e sei que é importante», afirmou Louboutin. «Mas não quero que seja evocado nos meus designs. A ideia de alguém dizer “Ó meu Deus, parecem tão confortáveis”», acrescentou. Mas lembrando como as amigas coristas parisienses enchiam os sapatos com carpaccio de vitela para os tornar mais confortáveis, concede que «sofrer para ser bonita não resulta». «Não dá um sorriso bonito», sublinhou. O objetivo com os stilettos é torná-los «o mais confortável possível para este tipo de sapato».
O desconforto não afasta as muitas celebridades fãs do criador, incluindo a atriz Gwyneth Paltrow e Victoria Beckham, designer de moda e esposa do futebolista David Beckham.
A exposição conduz os visitantes através do processo de design, desde os esboços aos protótipos, até à produção em fábrica. Os designs divertidos de Louboutin, alguns exibidos com lupas para permitir um exame mais minuciosos, incluem sapatos com mini-perucas ao estilo de Maria Antonieta, e stilletos fabricados inteiramente de olhos esbugalhados em plástico. Uma maqueta do seu atelier em Paris, completada com sapatos espalhados e esboços, mostra o trapézio onde às vezes o criador gosta de se balançar.
Outra área destaca os designs inspirados em viagens, incluindo as plataformas com pelo batizadas com o nome da capital da Mongólia, Ulan Bator, e um par de stilettos em seda chinesa. Nell Trotter, diretora de comunicação da Louboutin, revelou mesmo que a marca está a ganhar um número crescente de fãs no Império do Meio, desde que abriu uma filial em Pequim no ano passado. «Somos extremamente populares na China, sobretudo porque o vermelho é uma cor da sorte lá», afirmou.
Aliás, é por causa da sola vermelha que Louboutin está envolvido numa disputa judicial com a Yves Saint Laurent, após esta última ter lançado uma coleção com solas vermelhas.
A empresa iniciou um processo judicial contra a casa de moda francesa em abril do ano passado, alegando a violação de direitos de autor, mas um tribunal de Nova Iorque considerou em agosto que a Yves Saint Laurent podia usar as solas. No entanto Louboutin apelou e está novamente na barra do tribunal.
Segundo o criador, o PPR Group, que detém a Yves Saint Laurent, está a ser extremamente injusto em relação a este assunto. «Eles lideram o luxo e deviam saber que o luxo tem assinaturas de identidade», afirmou. «É muito hipócrita porque eles próprios detêm cores. Não percebo como é que podem dizer que não se pode ter uma cor específica num local específico quando eles próprios detêm diferentes cores. Sou um homem que subiu a pulso, geri a minha empresa por 20 anos e este grupo enorme é capaz de me derrotar, com a maior quantidade de advogados. Tentam prejudicar-me e à minha empresa e é extremamente injusto, especialmente alguém que eu conhecia, que pensava que era um amigo e que afinal é uma pessoa muito fraca», concluiu.
Fonte: Portugal Têxtil
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