8 de jun. de 2014

O regresso de Galliano

Caído em desgraça em 2011, altura em que foi despedido da Dior por comentários antissemitas, o criador britânico reapareceu na Rússia. Depois de várias tentativas infrutíferas de regresso ao mundo da moda, John Galliano foi agora contratado como diretor criativo pela cadeia de cosméticos L’Etoile. 

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O regresso de Galliano

O designer britânico, praticamente desparecido desde o seu despedimento da Dior, apareceu no passado dia 22 de abril num desfile montado pela L’Etoile, a maior cadeia russa de cosméticos que o contratou como diretor criativo.
Para este regresso, a marca não olhou aos gastos e organizou um o evento num dos subúrbios mais exclusivos de Moscovo. O ex-diretor criativo da Dior apareceu apenas durante alguns segundos, surgindo num halo de fumo cor-de-laranja no fim do que pareceu um desfile de moda com a temática espacial – e durante o qual o bailarino madrileno Patrick de Bana teve uma performance a solo – antes de desaparecer.
«Esta é uma oportunidade e um grande desafio para mim», afirmou o criador em entrevista à agência noticiosa Itar-Tass. «Estou confiante que a nossa parceria irá levar a novos e excitantes eventos no mundo da beleza para as mulheres russas. Penso que os resultados são belos e inspiradores», acrescentou.
Considerado um dos grandes talentos da sua geração, John Galliano esteve 15 anos na Dior antes de ter sido despedido em março de 2011 depois de ter feito comentários racistas e antissemitas em estado de embriaguez num café em Paris, o que lhe valeu uma pena suspensa de 6.000 euros. Um episódio que abalou a sua carreira.
Tendo desparecido virtualmente desde então, regressou brevemente à ribalta na Semana de Moda de Nova Iorque em fevereiro de 2013, após um muito falado desfile do designer Oscar de la Renta, com o qual colaborou.
Mas a reabilitação não tem sido fácil e prova disso é que, no ano passado, a Parsons School of Design de Nova Iorque cancelou um workshop que estava agendado com o criador na prestigiada escola.
A L’Etoile, que tem 850 pontos de venda em mais de 250 cidades russas, divulgou o evento poucos dias antes com um comunicado intitulado “John is back”. A sua nomeação como diretor criativo da L’Etoile, cuja embaixadora é a cantora francesa Patricia Kaas, foi bem acolhida pela imprensa russa. «Os designers europeus perceberam incrivelmente que uma vida realmente criativa não é possível na Europa. Mas é na Rússia», refere o website russo de notícias Vzgliad.
A comunidade judaica na Rússia, contudo, não vê as coisas da mesma forma. «Isto vai fazer com que muitas pessoas deixem de comprar os cosméticos da L’Etoile. É uma decisão moral e ética», sustentou Boroukh Gorin, porta-voz da Federação de Comunidades Judaicas na Rússia à agência Ria Novosti.
Numa entrevista à revista Vanity Fair em 2013 (ver Escândalo salva Galliano), John Galliano admitiu ser um «alcoólico» na altura em que fez os comentários antissemitas, um episódio que afirma não se lembrar. «Quando o vi [o vídeo], vomitei», referiu na altura. «É a pior coisa que disse na minha vida, mas não quis dizer aquilo (…) Estava tão… zangado e descontente comigo próprio que disse a coisa mais horrível que podia dizer», tentou justificar-se.

Fonte: AFP

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