Para o inverno ou para o verão, com temperaturas mais altas ou mais baixas, o couro regressou em força às grandes marcas e criadores de moda, incluindo o português Felipe Oliveira Baptista, e ao guarda-roupa de homens e mulheres, numa variedade que promete agradar a todos.
O couro está, de repente, omnipresente, não apenas na passerelle mas também em figuras públicas, da música à política. O músico, e designer de moda Kanye West tem usado e abusado do couro nos últimos tempos: não apenas casacos, mas calças, camisas e até uma t-shirt em couro. Muitas vezes tudo ao mesmo tempo.
Mas West não é a única figura pública subjugado pelo couro. Uma das peças preferidas do presidente russo Vladimir Putin para os seus, raros certamente, tempos livres é um blusão em couro, muito masculino. Até Barack Obama usa um vistoso blusão em couro enquanto entra e sai do Air Force One. Já Peter Marino, arquiteto e designer de loja da Louis Vuitton, há décadas que fez do facto de se vestir da cabeça aos pés em couro uma virtude.
Embora as escolhas de guarda-roupa dos famosos nem sempre tenham ganho a aprovação dos críticos de moda, esta estação mostraram estar à frente das tendências. O couro marcou presença nas propostas para a próxima primavera-verão nos desfiles da Bottega Veneta, Jil Sander, Hermès, Lanvin, Yves Saint Laurent e Felipe Oliveira Baptista, que aplicou esta material contracolado em jersey para criar os seus looks minimalistas.
Adam Kelly, diretor de compras de vestuário de homem na Selfridges, afirma que não é apenas para a passerelle. «É sempre fantástico quando uma tendência relativamente direcional, vista em muitos desfiles, pode ser facilmente traduzida em algo bastante comercial», afirma. «O couro é uma dessas tendências nesta estação e comprámos muito couro», acrescenta. Mas, refere ainda Kelly, «tudo está na moderação. Adornos em couro são uma forma perfeita de introduzir a tendência no guarda-roupa. E para homens mais velhos, é importante juntar o couro com formas elegantes para evitar parecer que está a tentar demais».
Stacey Smith, compradora de vestuário de homem na Matches, considera que «o couro é um material que forma a espinha dorsal do guarda-roupa de muitos homens. Houve certamente um influxo de couro em preto nesta estação, sobretudo na YSL, onde pareceu masculino e completamente moderno».
Mas isso não significa necessariamente um casaco em couro. A Rick Owens, por exemplo, oferece uma camisola com capuz e fecho por cerca de 1.500 euros e a YSL tem smokings em couro a preços que rondam os 2.500 euros. Caros, sim, mas o couro pode e deve ser visto como um investimento. «A compra de uma peça de couro é algo que não tem estação, pode comprá-la e vesti-la o ano inteiro – temos a sorte de termos cá bons verões mas em Paris, por exemplo, este ano não houve verão. É um material mais ligado ao inverno, mas acho que também tem o seu lugar no verão», assegura o criador português Felipe Oliveira Baptista.
Uma opinião também partilhada por Jeremy Langmead, diretor do retalhista on-line Mr Porter. «Os casacos em couro funcionam bem para todas as estações – são um ótimo investimento e nunca saem de moda. Atualmente o casaco em couro é popular em todas as suas versões: quer num casaco clássico em couro da Belstaff ou um com capuz da Dolce & Gabbana».
Stacey Smith ressalva que «o casaco em couro certo pode ter uma longevidade real. Estilos sem grandes adornos são a aposta mais segura, por isso fique longe de fechos e tachas, que rapidamente podem ficar ultrapassados».
E calças em couro? O diretor criativo da Topman, Gordon Richardson, diz que «nunca comprei umas calças em couro porque instintivamente sempre achei que não as podia usar» (apesar da Topman oferecer um estilo de calças em couro). «São apenas para quem é muito confiante», sublinha.
Quando Ann Romney (esposa do candidato republicano Mitt Romney, derrotado nas últimas eleições presidenciais dos EUA) foi ao Tonight Show num fato de saia e casaco em couro cortado a laser, causou furor. «Excitante e inacreditável», escreveu a revista New York. «O look mais ousado que vimos nela», acrescentou o Huffington Post. Goste-se ou não – e o júri ficou dividido – a escolha da “candidata” a Primeira-Dama dos EUA revela o caminho que o couro percorreu. «Era altura de trazer o couro para o mainstream», diz o designer britânico Osman Yousefzada, cuja coleção inclui vestidos, assim como saias e casacos misturados com brocados.
Hoje, as gamas em couro variam do vestido em lã crepe com painéis em couro da Yves Saint Laurent à gabardina em couro de Tom Ford, passando pelo blusão tipo motoqueiro da Burberry Brit às calças skinny em vermelho da Balmain e às leggings da J Brand, entre muitas outras propostas.
Johan Lindeberg, da BLK DNM, conhecida pelos seus blusões motoqueiro e leggings em couro, afirma que «a proliferação do couro reflete uma mudança de papéis. As mulheres são mais independentes, confiantes e fortes, por isso estão a vestir-se de uma maneira mais forte, em couro. Não há nada mais atraente numa mulher do que um casaco em couro, mesmo na passadeira vermelha». Uma ideia seguida pela atriz Kristen Stewart, que surgiu na gala do MET em maio num vestido sem alças Balenciaga com painéis em couro multicolorido, ou Donatella Versace com os seus vestidos com corpete sem alças em couro .
A executiva de relações públicas Ashleigh Heasp resume o apelo da pele: «sempre que uso couro sinto-me bem e poderosa – mais do que em qualquer outro material».
Fonte: Portugal Têxt
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