30 de out. de 2012

Recato domina swimwear


Por razões religiosas, estéticas ou de saúde, os fatos-de-banho com “maior poder de cobertura” estão a ganhar as preferências de muitas consumidoras nos EUA. Uma procura à qual designers e lojas especializadas tentam responder com a melhor oferta. E uma boa notícia para os produtores de tecidos!  
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Recato domina swimwear
Os fatos de banho dos nossos avós deixaram para trás as bolas de naftalina e estão de volta em grande estilo nos EUA, com uma clientela eclética, que varia das consumidoras mais religiosas às mais cheiinhas e até às mais sensíveis ao sol. «Definitivamente, era necessário», considera a designer de moda de Nova Iorque, Regine Tessone. «Há muitas mulheres que precisam de usar um, incluindo eu própria», acrescenta Tessone, uma judia ortodoxa que chama à sua linha «swimwear kosher original».
Embora seja ainda um nicho da indústria da moda, o swimwear recatado está a experienciar um aumento súbito das vendas, com os retalhistas a verificarem um fluxo constante de novas compradoras ávidas por adquirir a gama completa.
Com as vendas a variarem de milhares a dezenas de milhares de artigos por retalhista, os representantes da indústria afirmam que estes fatos preenchem um vazio que deverá gerar, no geral, 2,6 mil milhões de dólares (cerca de 2 mil milhões de euros) em 2012, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado IBISWorld.
Zeena Altalib, que detém a loja Primo Moda em Sterling, na Virgínia, revela que começou «a ficar frustrada por não haver disponibilidade [deste tipo de produto]. Tive de procurar até encontrar alguma coisa com que ficasse satisfeita, que parecesse bem e com estilo mas também com um corte recatado, sobretudo para o verão», indicou a muçulmana praticante.  
Juntamente com vestidos e vestuário de desporto, Altalib vende fatos de banho que se coadunam com os costumes conservadores muçulmanos: mangas compridas, calças até ao tornozelo, lenços para a cabeça – tudo em tecido sintético fabricado e aprovado para piscinas públicas.
Segundo Altalib, para as mulheres muçulmanas «o estilo de vida está a mudar», explicando que «querem e precisam de participar nas atividades do dia-a-dia», assim como «participar em canoagem, ir à praia, aproveitar o que Deus nos deu». E «desde que tenham o vestuário apropriado, podem fazer tudo», acrescenta.
Tessone, por seu lado, queria oferecer às clientes – incluindo às mais jovens – a possibilidade de «comprar recatadamente, nadar recatadamente e ser recatada». A designer lançou a sua marca on-line e a loja em Nova Iorque Aqua Modesta há cerca de 10 anos em resposta à falta de opções para mulheres que procuram evitar os masculinos na praia ou no ginásio.
Os seus conjuntos de quatro peças incluem uma saia com calções e soutiens de desporto completamente lisos por debaixo de uma camisola com mangas de três quartos e que correspondem aos códigos de vestuário de recato “tzniut” dos judeus ortodoxos.
«Tive de fazer o oposto de tudo o que aprendi como designer para a criação da minha própria linha», ri, apelidando-se a si própria como uma espécie de proscrita na escola de moda. «Fomos ensinados a enfatizar sempre os seios, as ancas, todas as áreas sensuais de uma mulher – e aqui tive de retrair», afirma, explicando que sob as diretrizes do tzniut, uma mulher pode ser bonita mas deve evitar provocar o desejo sexual fora do quarto.
A ideia é semelhante na Jen Clothing, que se direciona para os mórmons, com uma oferta de fatos de banho que apresenta cortes recatados num estilo à anos 50, revelando menos da coxa e que vão até ao busto. «Será que a exposição é assim tão sensual?», questiona a empresa no seu website, prometendo às suas clientes «um pouco de mistério e de classe».
Mas muçulmanos e mórmons não são os únicos a privilegiar fatos de banho com “mais tecido”. Algumas mulheres cristãs mais conservadoras – sobretudo evangélicas e convertidas ao cristianismo – e mesmo mulheres seculares mais velhas e com tamanhos grandes, num país que tem um problema crescente de obesidade, estão a aderir à tendência. «Vejo muitas mulheres que nunca andariam de roupa interior e que fazem isso na praia! É de loucos», comentou uma utilizadora, de nome Nicole, no blogue cristão Created to Be His.
Amber Gray, da empresa de vestuário Simply Modest, fala de uma «resposta» contra o tipo de feminismo que «promete liberdade, mas na verdade leva as mulheres a pensar que têm de se enquadrar numa certa ideia do que uma mulher deve ser – e parte disso é mostrar o seu corpo a quem quer que o queira ver». Amber e a irmã Heather, que tiveram aulas em casa com os pais, compraram o negócio em 2009 porque «acreditamos que Deus o queria quando ordenou às suas mulheres que se vestissem de forma recatada», segundo o seu website.
Joan Ferguson, fundadora da WholesomeWear, revela que nem todas as suas clientes são motivadas pela fé, com várias a ter doenças de pele ou a querer cobrir cicatrizes de cirurgias. «Muitas é por propósitos religiosos», afirma. «Mas notei que ganhei clientes ao longo dos anos que compram os meus fatos por questões de peso, para ficarem menos expostas ao sol e, à medida que uma mulher envelhece, está menos à vontade num fato-de-banho bem decotado», explica.

Fonte: AFP
 

Sari brilha na passerelle


Empenhado em trazer de volta o sari para os guarda-fatos das mulheres indianas, o designer Sabyasachi Mukherjee apresentou uma nova coleção desta icónica peça de vestuário, com modelos simplificados que permitem uma adaptação aos tempos modernos e à correria do dia-a-dia. 
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Sari brilha na passerelle
Enquanto as manequins em saltos plataforma deslizam em frente aos flashes das câmaras ao som de U2, Sabyasachi Mukherjee estuda o progresso da sua campanha para trazer o sari do fundo dos armários para a passerelle. «Demasiadas mulheres pensam no sari como algo que é muito antiquado e não moderno», explica o galardoado designer indiano. «Quero dizer-lhes: “o sari é lindo, é único e é exótico para todo o mundo”».
Os esforços de Mukherjee para modernizar o sari com a utilização de tecidos pouco usuais como veludo, ao mesmo tempo que mantém a sua silhueta icónica, está a alimentar a revitalização desta veste tradicional. Provavelmente o designer de moda indiano mais bem-sucedido – cuja marca tem um volume de negócios anual de 11 milhões de euros –, Mukherjee, de 38 anos, tem uma verdadeira paixão por esta peça de vestuário.
As mulheres jovens, orientadas para a carreira, têm empurrado o sari para o fundo do armário, considerando-o difícil de prender e inadequado para os seus estilos de vida preenchidos.
Tendo feito nome com os seus minivestidos, Mukherjee colocou mais recentemente os seus esforços a desenhar saris já com pregas e fáceis de prender que são ao mesmo tempo bordados cuidadosamente.
«Quando era jovem, migrei para o vestuário ocidental», revela. «Demorei algum tempo a perceber que isto era o que queria fazer, que queria influenciar os indianos a usar novamente o vestuário indiano».
O designer iniciou a sua empresa, sediada em Kolkata, com dois alfaiates em 2001, pedindo um empréstimo de 400 dólares (cerca de 310 euros) à irmã. Um sucesso imediato entre os círculos de moda indianos, usou têxteis indígenas para desenhar minivestidos, que foram vendidos em lojas de topo em Londres, como o Selfridges.
Apesar da mudança de foco, a sua popularidade não diminuiu e o seu mais recente desfile de moda teve casa cheia.
Após uma popular atriz de Bollywood ter passado na passerelle, vestida num sari em tule, um conjunto de manequins apareceu, muitas usando os saris pré-pregueados cobertos por aplicações em rendas e com saltos altos como acessórios.
Faz tudo parte do esforço para atrair uma clientela mais jovem e mais consciente do estilo, refere Mukherjee. «Sou um purista de coração, gosto dos saris tradicionais. Mas muitas vezes brinco com o sari para manter as pessoas interessadas, modificando-o de formas subtis», acrescenta.
Mukherjee  feztambém várias incursões em Bollywood como parte da sua campanha para restaurar a supremacia desta peça de vestuário no guarda-roupa das indianas. Para além de vestir atrizes principais incluindo a antiga Miss Mundo Aishwarya Rai e Vidya Balan nas suas presenças na passadeira vermelha, desenhou fatos para vários filmes indianos.
Segundo Shefalee Vasudev, autora e editora fundadora da Marie Claire India, Mukherjee é um visionário da moda. «Ele percebeu que na tempestade de marcas mundiais e muito brilho, nada se irá destacar. Se toda a gente tiver Louis Vuitton e Hermès, vão precisar de mais alguma coisa para sobressaírem da multidão», indica.
Hoje, os seus saris – que têm preços entre os 130 e os 9.260 dólares – constituem mais de 50% do volume de negócios de Mukherjee.
Numa das lojas do designer em Deli, saris de algodão, seda, tule e organza são mostrados num cenário sugestivo de uma Índia que já não existe, com dezenas de relógios antigos e fotografias vintage nas paredes. «O sari tradicional indiano é muito difícil de entender e usar. É aborrecido de usar», considera a cliente de há muito Kirti Sharma, de 26 anos, acrescentando que possui vários saris Sabyasachi. «As blusas são simples. Às vezes as pregas já estão feitas, por isso é só enfiar e está pronta a sair. Coisas como estas tornaram-no muito simples», afirma a cliente.
Mukherjee planeia abrir mais lojas na Índia, onde tem atualmente quatro, antes de se expandir para o estrangeiro daqui a alguns anos.
«É o maior erro os designers indianos ignorarem o sari. As marcas ocidentais têm muito mais experiência com o vestuário ocidental e podem basicamente obliterar a concorrência local quando entram no nosso mercado», considera.
Desde que deu um impulso ao sari, vários outros designers indianos fizeram experiências com a peça de vestuário, usando materiais como elastano e couro.
Especialista em moda afirmam que o sucesso de Mukherjee reflete uma emergente autoconfiança entre os indianos, que estão desejosos de manterem o seu passado numa altura em que o país atravessa mudanças significativas.
Vasudev considera que o seu sucesso entre as mulheres indianas mostra que «bem dentro de nós ainda queremos uma peça do guarda-roupa da nossa mãe ou da nossa avó». E acrescenta: «não estamos tão confortáveis com o vestido mais curto, com o pequeno vestido preto. E se estamos, temos de ter uma peça da Índia também».

Fonte: AFP

11 de out. de 2012

Twittar para vender


As marcas de luxo demonstraram como nunca o poder imediato dos media sociais durante a Semana de Moda de Londres, com a transmissão on-line dos desfiles e os tweets e posts nos blogues de designers, jornalistas e celebridades a fomentarem as vendas.

 
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Twittar para vender
A cadeia de retalho de vestuário Topshop atingiu a maior audiência on-line para um desfile de Londres transmitido em direto, com dois milhões de pessoas provenientes de mais de 100 países a ver a mais recente coleção da Topshop Unique. Segundo os dados compilados pela cadeia de retalho, mais de 200 milhões de pessoas estiveram expostas a imagens e conteúdos da passerelle como parte da parceria da Topshop com o Facebook, em que os fãs foram direcionados para a transmissão em direto da Topshop a partir do seu site de compras.
Mais importante, a Topshop foi capaz de ver um impacto direto da sua cobertura nos media sociais, já que as pessoas ligadas ao desfile puderam imediatamente comprar os visuais que estavam a ver. Vários artigos, incluindo um vestido que foi o primeiro modelo na passerelle, esgotaram ainda antes do desfile terminar.
«As pessoas têm tentado perceber há algum tempo como tornar estes “likes” em algo relevante, como é que a parte social se mistura com a sua marca e penso que vamos ser a primeira marca a perceber isso, vamos ser um estudo de caso… a comercializar essa audiência social», afirmou Justin Cooke, diretor de marketing da Topshop.
Noutros esforços para abraçar a tecnologia digital, a House of Holland fez uma parceria com o site de leilões eBay numa loja virtual pop-up e a designer Alice Temperley mostrou algumas das suas recentes coleções Temperley London usando «passerelles virtuais». «O tráfego no website tem picos quando se faz um tweet com o Pinterest ou o Instangram», revelou Temperley. «É um trabalho a tempo inteiro para uma equipa de pessoas, mas é assim que as coisas são», acrescentou.
Para além de ser uma loja virtual instantânea, os media sociais dão às marcas um fórum mais duradouro para as comunidades on-line que querem discutir cada aspeto de uma coleção, de acordo com Lucy Yeomans, editora-chefe do site de retalho de moda Net-A-Porter.com e antiga editora da edição britânica da Harper’s Bazaar. «Penso que qualquer pessoa que não explore o poder dos media sociais está a perder muito. Não é apenas uma ferramenta de marketing», acrescentou.
Editores vs BloggersNão são apenas as marcas que estão a usar os media sociais para se ligarem aos seus consumidores. Os editores de moda ripostaram contra os bloggers de moda que durante um curto período eclipsaram a sua dominância nas primeiras filas dos desfiles ao saltarem para o comboio dos media sociais com tweets, blogues e imagens de si próprios.
Editores de revistas e jornais tornaram-se celebridades dos media em direito próprio – Jo Elvin, editor da revista britânica Glamour Magazine, tem mais de 63 mil seguidores no Twitter, enquanto Joe Zee, diretor criativo da americana Elle Magazine tem 155 mil.
Geralmente, a cobertura nos media de uma marca por parte dos jornalistas é considerada três vezes mais poderosa em valor em comparação com a publicidade, já que ganha apoio com uma história editorial do jornalista, referiu Katie Mitchell-Baxter, diretora de contas na empresa de relações públicas Good Relations.
Só na semana de moda, o British Fashion Council estima que mais de 100 milhões de libras (123,78 milhões de euros) em encomendas são geradas a cada estação e que a cobertura dos media internacionais vale 61 milhões de libras.
Claudia Crow, diretora criativa da consultora de lojas Talk PR, considera que publicações como a Vogue, a Harper’s Bazaar, o The Telegraph e o The Times estão agora na vanguarda da reportagem de moda rápida, o que foi importante para eles, para estarem à frente da concorrência de pequenos outlets e bloggers. «Jornalistas podem fazer ou quebrar uma linha. Se escreverem uma boa ou uma má crítica, é incrivelmente poderoso, é incrivelmente eficaz», concluiu Crow.

 Fonte: Reuters